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segunda-feira, junho 29, 2009


Tudo monitorado, é a tecnologia chegando

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Você acorda para trabalhar. No banheiro, o espelho indica seu peso, sua idade, o nível de colesterol e a pressão sanguínea informados por sensores implantados em seu corpo. Também mostra a série de exercícios físicos que você deve fazer para manter seu organismo saudável. Na cozinha, sua mãe prepara o café. A geladeira apresenta os produtos cujo prazo de validade está chegando ao fim e envia para o mural digital da cozinha a lista de itens que devem ser comprados. O equipamento, com tela sensível ao toque e webcam integrada, também exibe fotos de seus amigos e parentes. É o aniversário de seu tio que mora no exterior. Você grava um vídeo desejando felicidades. Com a ponta do dedo, arrasta o arquivo até a foto do aniversariante. Pronto, a mensagem é enviada para o e-mail de seu tio. Já no carro, você se dá conta de que esqueceu o endereço da reunião marcada para esta manhã. Com um comando de voz, seus e-mails aparecem no display do carro. Ao selecionar o endereço com o toque do dedo, o GPS indica o melhor caminho a seguir. Coisa de filme? Em alguns anos, sua rotina poderá ser assim.
A promessa que a ciência e a evolução tecnológica trazem para a humanidade é de um futuro conectado. Uma conectividade, garantem cientistas e estudiosos, bem diferente daquela à qual estamos acostumados atualmente. Na próxima década, chips deverão estar presentes em sapatos, carteiras, gravatas, canetas, batons, em seu corpo e sob sua pele. Tudo terá inteligência e estará conectado. “A palavra ‘computador’ vai desaparecer, porque tudo será computador”, diz Jean Paul Jacob, pesquisador emérito da IBM que foi contratado há 46 anos pela empresa para o cargo de futurólogo da companhia americana. Como essas mudanças vão afetar nossa vida?
Algumas das facilidades descritas na abertura desta reportagem (como a geladeira com internet) são prometidas há anos pela indústria, sem nunca passar do protótipo. Mas um número crescente de produtos inovadores já está sendo produzido. Eles mostram como é possível incorporar a capacidade computacional a objetos e equipamentos que vão além de laptops, GPS (Global Positioning System), celulares multifuncionais e sensores usados por atletas para controlar batimentos cardíacos e velocidade de corrida.
O próprio conceito de chip passará por mudanças. Deixará de ser feito de silício. Henrique Eisi Toma, coordenador do laboratório de nanotecnologia molecular da Universidade de São Paulo (USP), diz que a ciência vive um momento semelhante à transição da válvula para o transistor. A nova geração de chips será construída em nanoescala. Seus componentes serão tão pequenos – mil vezes menores que as dimensões atuais – que serão construídos molécula por molécula. “A nanoescala, ao contrário da microescala – que ficou restrita à eletrônica –, vai mexer com tudo da sociedade”, diz Toma.
Uma das promessas para a área de saúde é o protótipo da iPill, da Philips, uma pílula inteligente criada para tratar doenças do aparelho digestivo como colite e câncer do cólon. O remédio é capaz de identificar a região do trato intestinal em que está alojado (devido às diferenças do nível de acidez entre o estômago e áreas do intestino) e liberar doses pré-programadas de substâncias para combater o mal. A cápsula de 26 milímetros tem microprocessador, bateria, sensor de acidez, transmissor de rádio, termômetro e uma bomba para liberar os medicamentos. Ela se comunica com uma unidade controladora fora do corpo por meio de rádio, informando a temperatura local. O microprocessador controla a administração da droga, que é liberada pela bomba da cápsula, segundo as prescrições do médico.
Os aparelhos tradicionais também vão adquirir formas mais dinâmicas. Um dos desafios é aprimorar o equipamento mais íntimo e multifuncional que usamos hoje: o celular. Centros de design da Motorola na Coreia, na China, no Reino Unido, na América do Norte e na do Sul desenvolveram um estudo que apresenta 12 conceitos de como serão os telefones móveis em 2033. Segundo eles, diversos objetos que temos à mão, como chaveiros, anéis, pulseiras, relógios e porta-retratos, ganharão funções de comunicação, hoje restritas ao telefone e ao computador. Nós os usaremos alternadamente, segundo nossa conveniência.
Um protótipo da empresa, o Metamorfose, feito com material flexível, mudará de forma, tamanho e funções a um simples chacoalhar de mãos. Ele poderá ter o formato de telefone, de um cartão de crédito ou de uma tela. É um conceito parecido com o do Morph, da Nokia, que também prevê que o material plástico do aparelho será autolimpante. As empresas ainda não têm tecnologia para construir tais equipamentos, mas acreditam que o design deverá seguir esse caminho.
Aparelhos tão surpreendentes terão novas formas de se comunicar conosco. Hoje, dependemos de teclados, botões ou mouses para comandá-los. Isso vai mudar. O Projeto Natal, da Microsoft, dá algumas dicas de como poderá evoluir essa nova relação. Composto de sensor de movimentos, câmera e microfones acoplados ao videogame Xbox 360, o aparelho inova por não ter controles. Você usa o próprio corpo para interagir com o console. O sistema usa um sensor para monitorar o movimento do corpo do jogador, sua face e voz. O produto ainda não tem data para ser lançado. Mas a fabricante de brinquedos Mattel começou a vender em fevereiro um brinquedo que usa a força da mente. O desafio do jogo Mind Flex é fazer uma bola ultrapassar obstáculos em uma base. Para isso, o jogador veste uma espécie de fone de ouvido, com sensores na testa e nos lóbulos das orelhas. Eles medem os impulsos elétricos dos neurônios do jogador e identificam seu nível de concentração. Quanto mais concentrado ele estiver, maior será sua capacidade de controlar o movimento e a velocidade da bola.
A Mattel lançou um jogo em que você controla uma bolinha com a força do pensamento
A perspectiva dos pesquisadores é que a comunicação com as máquinas venha a ser mais natural. Hoje, eles estudam como os aparelhos podem entender melhor nossas ordens e nossos humores. É o que fazem os 50 pesquisadores e professores da Tauchi (Unidade de Interação entre Homens e Computadores da Universidade de Tampere), na Finlândia. Eles estudam técnicas para acessar informações e aplicações exclusivamente por meio da visão. Seu principal uso, por enquanto, é permitir a comunicação de pessoas que sofrem de deficiências motoras. Mas as funções podem evoluir para outros públicos.
Kari-Jouko Raiha, coordenador da Tauchi, acredita que os computadores ganharão mais independência ou autonomia para tomar ações sem que você precise dar um comando. A Tauchi desenvolveu um programa que monitora a movimentação dos olhos enquanto você lê um texto em idioma estrangeiro. A invenção combina software com um equipamento chamado “eye tracker”, uma pequena câmera de vídeo com uma fonte de luz infravermelha que ilumina o olho para monitorar sua movimentação. O pesquisador afirma que o padrão de movimentos da visão muda quando deparamos com uma palavra desconhecida. E o sistema é capaz de identificar essa alteração, informando a tradução da palavra, sem que você precise solicitá-la previamente. Outro projeto do instituto finlandês está ligado a sistemas capazes de reconhecer e se adaptar a mudanças emocionais do usuário. Eles também são compostos de software e do “eye tracker” e poderiam ser usados em escolas. O sistema perceberia quando os alunos deixassem de prestar atenção ao conteúdo e realizaria as mudanças necessárias para reconquistar os estudantes.




GESTOS Uma jogadora da seleção americana de vôlei testa sensores de movimento que a Microsoft poderá incorporar ao console XBox. Pode ser uma forma de comunicação com outros equipamentos da casa
As novas gerações também constroem sua noção dos outros a partir do que está no arquivo digital on-line público. Quando alguém vai ser apresentado a uma pessoa, procura tudo o que diz respeito a ela em sites de busca, para formar uma opinião prévia. Essas primeiras impressões são duradouras, mesmo depois de um contato pessoal. Mas as informações sobre cada pessoa na internet, boas, ruins ou falsas, são organizadas pelos buscadores, sem nenhum controle do perfilado. “Hoje, o Google faz a sua imagem”, diz Jean Paul Jacob. Ele disse que, antes de me atender para a entrevista, consultou meu nome na internet. Queria saber quem eu era, ou melhor, como o Google me apresentava.
Um sistema finlandês percebe quando você depara com uma palavra e não sabe seu significado
Essa perda de controle sobre a própria imagem vai se acentuar. “A troca de informações entre computadores e pessoas não é algo exatamente novo”, afirma Desney Tan, pesquisador da Microsoft em Redmond, nos Estados Unidos. “Mas a escala com que vamos poder e querer fazer isso será muitas vezes maior.” Os computadores, sensores e câmeras estarão em todos os lugares. Na maioria das vezes, não poderão ser vistos. Isso significa que a sociedade precisará desenvolver novas formas de deixar as pessoas cientes da presença desses computadores e do que eles são capazes de fazer, que tipo de dados eles capturam e como essas informações são compartilhadas e armazenadas. Para Abigail Sellen, pesquisadora-chefe do centro de pesquisas da Microsoft em Cambridge, no Reino Unido, a tarefa de estabelecer esses novos limites é parte das atribuições do Estado, já que envolve aspectos legais. Mas também é missão dos designers que vão criar os equipamentos hiperconectados.
Um exemplo desses novos desafios é a disseminação de uma espécie de chip que poderá vir colado no rótulo de um produto ou em uma etiqueta, sem que você perceba. São as etiquetas RFID, uma sigla para o sistema de identificação por radiofrequência. Esse chip envia e recebe informações por meio de antenas de rádio. Sua promessa é acabar com filas em lojas e supermercados. Você fará as compras e, ao sair do estabelecimento, o valor total das mercadorias adquiridas será debitado de seu cartão de crédito. A discussão é que, como as etiquetas RFID enviam e recebem informações, depois de sair do supermercado continuaríamos a receber ofertas de promoções e descontos no celular ao caminhar pelo shopping ou pela rua, independentemente de nossa permissão. E os fabricantes também poderiam usar o sinal do chip para seguir nossos passos e conhecer nossos hábitos.
Para tentar solucionar o problema – ou diminuir seu impacto –, a IBM desenvolveu uma tecnologia chamada Clipped Tag. Trata-se de uma etiqueta RFID cujo tamanho da antena pode ser reduzido pelo consumidor ao sair da loja. Ela vem com uma espécie de picote que o consumidor rasga ou corta com uma tesoura. Depois do corte, o alcance da etiqueta passa de cerca de 10 metros para alguns centímetros. É o suficiente para deixá-la fora do alcance das antenas espalhadas pela rua e preservar a intimidade de quem circula com ela.
Os pesquisadores se dizem otimistas. “Novas tecnologias vão continuar a despertar desafiadoras questões éticas, culturais e legais”, afirma Tan, da Microsoft. “Mas não acredito que escorregaremos para um mundo no qual perderemos o controle sobre a informação. A menos que decidamos que queremos isso.” De certa forma, parte dessa discussão sobre privacidade e ética digital já está acontecendo agora, com a disseminação de blogs, Facebook, Twitter, YouTube e de nossos dispositivos eletrônicos. Podemos ainda não ter chegado a conclusões. Mas, quando os computadores ficarem invisíveis, estaremos muito mais preparados para os novos desafios morais que a tecnologia trará.




Nesta foto é a mesma do início do post onde parecia ser uma simples cena romântica, porém o diferencial está nos diversos detectores, aqui só deixei exposto o qual detectava que a moça poderá ser hipertensa.

Fonte: Revista Época

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