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terça-feira, agosto 05, 2008
Bate-papo com Patrick Eichler, Maquiador Sênior da M.A.C.
Entrevista de Patrick Eichler com as Meninas da Moda, confira:
Logo após a correria da São Paulo Fashion Week, tive a (super) oportunidade de conhecer e entrevistar um dos maquiadores sênior da M.A.C., Patrick Eichler. Dotado de uma sensibilidade apurada, o make-up artist está na M.A.C. há mais de treze anos. Este texano de 40 anos nunca foi o estereótipo do cowboy – aos 10 anos, já era assinante da Vogue America, devorava a coleção de revistas de estrelas de cinema dos anos 40 de sua mãe e assistia a clássicos do cinema como "Blow Up", de Antonioni, e "Janela Indiscreta", de Hitchcock. Atualmente, Patrick trabalha com alguns dos mais importantes artistas do Cirque du Soleil, já assinou desfiles de Alexander McQueen e Oscar de La Renta, e participou da beleza dos fashion shows de Balenciaga, Vivienne Westwood e Hermès. Também maquia personalidades como as brasileiras Alice Braga e Bebel Gilberto, além de Cyndi Lauper, Liza Minnelli, Sienna Miller e a escritora Susan Sontag. Em meio a personalidades tão diversas, Patrick acredita que maquiar não é apenas beleza ou correção estética. “É uma forma de expressão individual. Sinto-me como um catalisador, que traz à tona a beleza e a ‘personagem’ que, muitas vezes, as pessoas não conseguem enxergar nelas mesmas.”
Meninas da Moda – Como surgiu o interesse por maquiagem em sua vida?
Patrick Eichler – Na verdade, eu não sabia muito bem o que queria fazer da vida. A única coisa certa era o desejo de trabalhar com algo criativo, como pintura, cerâmica, fotografia. Acabei “caindo” na maquiagem por acaso, quando ainda morava no Texas e tinha um trabalho de meio-período na Lancôme, como consultor de perfumaria. Um dia, quando o maquiador deles faltou, perguntaram se eu sabia mexer com pintura. Eu disse que tinha uma idéia, mas que nunca havia maquiado ninguém. Colocaram-me para substituir o maquiador e acabou dando super certo. Além do mais, descobri algo incrível, de que gostei muito.
Meninas da Moda – Quem foi o seu “guru” da arte de maquiar?
Patrick Eichler – Quando estava na Benetton – na época em que eles possuíam maquiagem – tive a oportunidade de trabalhar com Hervé Bonneau. Fizemos um evento em que atendíamos uma pessoa a cada 20 minutos durante um dia inteiro. No final do dia eu estava simplesmente acabado, mas Hervé pediu que eu ficasse com ele mais alguns minutos, pois ele queria me passar algumas coisas. Ele percebeu que, o auge do meu cansaço, seria o momento ideal para que eu captasse e absorvesse as informações que ele queria me ensinar. Com meu cérebro já incapaz de pensar sozinho, eu conseguiria interiorizar todo seu conhecimento, sua experiência. Ele percebeu que eu precisava de aconselhamento e me ensinou vinte anos de trabalho em apenas duas horas. Foi fantástico!
Meninas da Moda – E como você foi trabalhar na M.A.C.?
Patrick Eichler – Ainda no Texas, morando numa cidade pequena, sentia necessidade de um lugar que desse mais valor a pessoas criativas. Meu namorado da época tinha família em Chicago e nós decidimos tentar a vida por lá. Estava trabalhando na Dior e um amigo me falou a respeito da M.A.C., que era uma empresa que tinha mais a ver comigo, pois trabalham com make-up artists e não com beauty consultants, que era o mais comum naquele tempo. A M.A.C. iria abrir uma filial no Texas e acabei pegando um contato para Chicago. Cheguei lá sem dinheiro e ainda sem resposta – eles levaram dois meses para me ligar! Quando finalmente entraram em contato, comecei a trabalhar na loja da Marshall Field’s. Isso foi em 1995. Quatro anos depois, em 1999 decidi que era hora de me mudar para Nova York e acabei indo trabalhar na recém inaugurada loja da Macy’s, da Herald Square, treinando outros make-up artists. Cresci junto com a loja, que hoje é a maior conta da M.A.C. Quando comecei na empresa, nós éramos 100 pessoas; hoje, somos 700.
Meninas da Moda – Quais os seus planos para o futuro?
Patrick Eichler – Provavelmente ainda estarei na M.A.C. Lá, somos todos muito amigos, nos conhecemos bem, trabalhamos com um global team. Além do quê, a empresa nos incentiva a testar outros produtos – de outras marcas mesmo – para conhecermos o que existe no mercado e termos sempre noção do que acontece em outros lugares do mundo. Não se trata de uma empresa quadrada e sim de um lugar que motiva e permite que você exerça sua criatividade. E este diálogo não mudou durante estes anos. Hoje, eu moro em Nova York e acredito que tudo já foi feito por lá. É uma cidade saturada. Estou vivendo um pouco da crise da meia-idade (risos), então começo a pensar em morar numa casa, num lugar mais calmo. Mas quem sabe?
Meninas da Moda – O que não pode faltar dentro da nécessaire?
Patrick Eichler – Corretivo! Tanto para mulheres quanto para os homens. Com esta tendência metrossexual, eles estão se abrindo mais ao uso de maquiagem; estão começando a perceber que podem usá-la a seu favor, para encobrir pequenos defeitos, disfarçar cansaço e espinhas. Na nécessaire feminina, também colocaria rímel e base em pó, e algo que possa ser usados tanto nos lábios, quanto na face. Ah, e um creme hidratante com fator de proteção solar. Esse vale para os dois também.
Meninas da Moda – Qual seu produto M.A.C. preferido?
Patrick Eichler – Como consumidor, cream colour bases! São fáceis de usar e dão um excelente resultado. Profissionalmente, os paintsticks.
Meninas da Moda – Durante a SPFW, você trabalhou em seis desfiles (Forum, Triton, Ellus, Reinaldo Lourenço, Glória Coelho e Pedro Lourenço). Como foi?
Patrick Eichler – Em todos tive uma experiência muito boa. Os três primeiros, eu diria que foram mais fáceis, por serem coleções mais comerciais. Já nos outros três o trabalho foi mais conceitual e pude exercitar mais meu lado criativo. Gosto muito desta coisa de criar uma história que dialoga com as roupas, com o cabelo, de criar uma personagem mesmo.
Meninas da Moda – Em sua opinião, qual será a tendência para a maquiagem de verão aqui no Brasil?
Patrick Eichler – Cores fortes e fluorescentes, como azul, verde, amarelo, quase neon mesmo. Parece-me o correto para a estação. E por serem cores fortes, deverão ser aplicadas de um jeito bem natural. O verão também terá uma atmosfera meio anos 1970, meio anos 1980, portanto o ouro mais fechado também estará em alta.
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