Basta uma passada de olhos pela sala para saber que não se trata de uma empresa convencional. Bonecos sobre os computadores, videogames espalhados pelas mesas, desenhos de naves espaciais povoando as telas coloridas. No comando da Hoplon, uma das mais importantes desenvolvedoras de games virtuais do país, com sede em Florianópolis, está o empresário Tarqüínio Teles, 38 anos, um carioca radicado em Santa Catarina. O cenário, garante, é o mesmo há quase uma década, desde que ele decidiu trocar a engenharia de produção por uma paixão da infância, os jogos digitais. Teles é o criador do Taikodom, disputa virtual na qual os participantes, que deverão chegar a 100 mil neste ano, montam 70 variações de personagem virtual e usam 40 modelos de nave para uma grande batalha online. 'O diferencial é que não há um número limite de participantes, ao contrário dos demais clássicos do mercado que separam os jogadores em grupos', afirma Teles. 'Todos podem lutar contra todos.'
Os games conquistam espaço no marketing Graças ao ousado jogo, considerado o maior projeto de game massivo do país, Teles conseguiu o que tantas empresas do setor sonham em obter: financiamento. A Hoplon recebeu o aporte financeiro de um fundo de risco, o Idee Tecnologia, que viabilizou o desenvolvimento do jogo, o qual consumiu R$ 22 milhões em cinco anos de produção. Firmou, ainda, uma parceria com a IBM para implantar um sistema inédito de computação para o Taikodom. O próximo passo, segundo o empresário, é popularizar o produto na Ásia, onde o público é fissurado por esse tipo de game, e aumentar as vendas de pacotes especiais. Hoje, dos 30 mil jogadores cadastrados, apenas 10% pagam por vantagens adicionais - como maior tempo de jogo e acesso a novas fases. 'Nunca enxerguei a Hoplon como uma empresa pequena. Concebi sua estrutura para atuar de igual para igual com os grandes nomes internacionais, porque na área de games o que conta não é o tamanho, é o quanto você domina a tecnologia', diz Teles.
A boa visibilidade do jogo criado pela Hoplon no mercado externo é apenas uma das faces dessa indústria que começa a ganhar expressão no país. Há dez anos, quase não existiam empresas de games no Brasil. Em 2008, elas faturaram R$ 87,4 milhões. 'Parece pouco, dentro de uma realidade mundial de R$ 42 bilhões por ano, mas é bastante significativo para um tipo de negócio ainda muito jovem por aqui', afirma Paulo Luna, diretor de Governança Eletrônica da Secretaria de Administração do Estado de Santa Catarina.
De acordo com a Associação Brasileira de Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames), que reúne 42 empresas de softwares para jogos digitais, a produção do setor cresceu 14% em 2008, envolvendo games de treinamento, entretenimento, educativos e de publicidade. As exportações saltaram de R$ 5,8 milhões em 2007 para R$ 11,3 milhões em 2008. Boa parte do crescimento se deve à consolidação do Polo de Games de Santa Catarina. Instalado em Florianópolis, o polo conta com 14 empresas na área de jogos e entretenimento digital, que juntas devem faturar R$ 14 milhões em 2009, o equivalente a 30% da receita nacional do setor.
Fonte: Pegn
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